No Rock in Rio, alagoana tratada no Hospital do Açúcar conhece doador que salvou sua vida
Conteúdo publicado por Divulgação em: 22/09/2017 às 21:09h.
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O primeiro final de semana do Rock in Rio 2017 não só foi palco de grandes atrações nacionais e internacionais. O evento também serviu de local para um encontro emocionante entre uma alagoana e um paranaense que tiveram seus caminhos cruzados em dezembro 2015.  

Diagnosticada com Leucemia aos oito anos, Maria Fernanda de Lima Pontes, trilha uma história de superação com a doença. Foram dois anos de quimioterapia, assistidos pela equipe do Hospital do Açúcar, mas o tratamento não surtiu efeito e foi necessário o encaminhamento para o transplante de Medula Óssea, que é realizado quando as chances da cura por quimioterapia são mínimas. 

Quando o paciente é encaminhado para esse tipo de procedimento, todos os familiares são chamados para a realização do cadastro no banco de doadores. Mas somente os filhos do mesmo pai e da mesma mãe têm 25% chance de ser 100% compatível. No caso de Fernanda, a jovem não tem irmãos com a paternidade mútua e precisou ser encaminhada para o Rereme (Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea). 

Nesse banco de dados, a compatibilidade entre doador e receptor gira em torno de 1 a 100 mil para acontecer, e no caso da região Nordeste, por ter pouca representatividade na doação de medula óssea, as chances chegam a ser de 1 a 200 mil. 

Para a descoberta de um possível doador para o paciente, é necessário o cruzamento de dois bancos: o Rereme (Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea) e o Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), e assim que existir uma possibilidade de um concessor, ele é chamado para refazer os exames e verificar o nível de compatibilidade.  

A partir disso, entra na vida de Fernanda o paranaense Marcus Vinícius Rodrigues de Andrade, de 32 anos. Ele foi o doador compatível com a jovem e não se negou em realizar o procedimento que salvou a vida da menina. 

Confirmada à compatibilidade, esse doador é acionado e questionado se realmente quer fazer o transplante. Cerca de 70% deles desistem, mas o de Fernanda foi fiel e aceitou. Tudo é feito sob sigilo absoluto, nem ele sabe para quem está doando e nem o receptor sabe de quem está recebendo”, conta Sheyla Oliveira, coordenadora do Pró Medula. 

A Casa da Criança

Desde o começo da luta contra a doença, Fernanda foi atendida pela a Casa da Criança, ambulatório de oncologia do Hospital do Açúcar. O local tem como proposta o atendimento ambulatorial oncológico pediátrico, ofertando atendimentos de 0 até 18 anos de idade. 

Na Casa da Criança, ela passou pelos processos de tratamentos quimioterápicos, fortalecendo a medula para receber o transplante, procedimento necessário em pacientes diagnosticados com LMA (Leucemia Mieloide Aguda). Essa preparação seguiu sendo feita em paralelo aos exames de compatibilidade com os familiares de primeiro e segundo grau.

A parceira entre o Pró-Medula Alagoas com o Hospital do Açúcar foi de extrema importância no tratamento de Fernanda. A parceria entre o projeto e a instituição, aumenta as chances de futuros transplantes como o de Fernanda. A primeira ação do Pró-Medula no Hospital mobilizou 500 colaboradores, entre médicos e enfermeiros, para o cadastramento no banco de medula óssea.

O Transplante 

Fernanda fez o transplante em dezembro de 2015, no Real Hospital Português, localizado em Recife. O processo foi realizado com sucesso. Em dez dias, aconteceu a “pega da medula”, procedimento que confirma o funcionamento do transplante. 

Hoje, com 10 anos, ela leva uma vida normal, mas segue sendo acompanhada pelo Real Hospital Português. O Pró Medula Alagoas seguiu toda a trajetória do processo de Fernanda de perto. “Nós, do Pró Medula, nos mobilizamos em total para que esse transplante fosse realizado de forma positiva. Levamos um ônibus para recife com voluntários para doar sangue para ela, além de acompanhar o procedimento da descoberta do doador, até os atuais passos da menina”, ressalta Sheyla Oliveira. 

O Encontro 

No dia 16 de setembro de 2017, Fernanda encontrou Marcus na Cidade do Rock, em um dos maiores eventos realizados no país. Para que isso acontecesse, o Pró Medula Maceió entrou em contato com a família da jovem, solicitando a quebra do sigilo entre doador e receptor, que pode ser feita quando o procedimento completa dois anos. 

Após isso, o Pró Medula Rio entrou em cena. O projeto recebeu um stand no Rock in Rio, e o contato entre o Pró Medula local, com o Pró Medula carioca permitiu com que essa história tivesse mais um capítulo feliz, vivido em pleno festival. 

Um mês antes do evento, o falamos com Jane, mãe da Fernanda, para solicitar essa quebra de sigilo. O nosso projeto tem parceria com o Redome, que responde pelo doador e pela liberação da identificação do mesmo. Eles aceitaram o pedido da mãe da jovem e com isso começamos a sonhar com o encontro deles”, completa Sheyla Oliveira.   

Fernanda viajou com sua mãe para o Rio de Janeiro e o primeiro encontro com o seu doador aconteceu no hotel. Depois dos protagonistas contarem suas histórias um para o outro, eles tomaram conta do Rock in Rio. O espaço foi o palco de um acontecimento que uniu a solidariedade com a esperança, e tudo isso começou com o ato simples de doação, que pode salvar muitas vidas.  

Confira na íntegra o depoimento da Mãe de Fernanda, Janaína Lima, depois do encontro com o doador que salvou a vida de sua filha:  

“Bom, saber que um filho tem câncer não é fácil. Sua vida muda da noite para o dia, da pior forma. Você é obrigado a aprender a viver com o risco eminente da morte, com as furadas, agulhas, quimioterapia e aceitar que sua vida será quase morar em um hospital.  Isso tudo é um pesadelo! E saber da possibilidade de ter um doador foi uma luz no fim do túnel.  

Devido às complicações do tratamento da Fernanda, ela passou 17 dias entubada na UTI. Ao voltar desses dias, a Dr. Luana, um anjo em nossas vidas, nos comunicou que existiam dois doadores, um de medula e outro de células tronco. Então, ali enxergamos duas possibilidades, era como uma força para continuar na luta pela vida da minha filha. Logo depois, fomos a Recife fazer o transplante. O transplante foi bem-sucedido. Após isso, passamos 6 meses em Recife, para o processo de pós-transplante. 

Mas, o desejo de conhecer a pessoa que ajudou a mim e a minha família era muito forte. Precisávamos agradecer por ter sido uma luz em nossas vidas, ajudando Fernanda a vencer mais essa batalha.  

Foi tudo muito rápido. Pedimos a quebra do sigilo no banco de doadores, o Redome. Marcus Vinícius, o doador, também tinha esse desejo de conhecer a pessoa que ele ajudou com sua doação. Unimos nossas vontades e fizemos isso acontecer. No primeiro momento, encontramos ele no hotel e passou um filme pela minha cabeça. Cenas de tudo aquilo que passamos para que aquilo fosse real. Nos emocionamos muito. Lindo e inexplicável. A cidade do Rio de Janeiro marcou o encontro dos laços que trouxeram uma nova chance para a minha filha, e o Rock in Rio serviu como local para as duas estrelas do rock brilharem, iluminando os fios de esperança que precisamos carregar conosco na vida”.

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