Crise e insegurança criam nova onda de migração brasileira rumo ao Japão
Conteúdo publicado por Divulgação em: 14/05/2018 às 7:38h.
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Com MSN Brasil

Há uma década, desde os anos de recessão após a crise de 2008, o Japão luta para encontrar um caminho que o conduza de volta ao crescimento. Os salários crescem pouco e a maior parte dos empregos disponíveis para estrangeiros ainda é no “chão de fábrica”. Mesmo assim, o país que virou destino de milhares de nipo-brasileiros nas décadas de 80 e 90 tem voltado a atrair os dekasseguis, e não apenas por razões econômicas.

Os dados disponíveis mais recentes, de 2016, mostram que os consulados japoneses no Brasil emitiram 11.506 vistos para descendentes, cônjuges e dependentes – quase o triplo do registrado dois anos antes, em 2014, 4.695. As agências de emprego que fazem a ponte entre as empresas japonesas e os brasileiros afirmam que a tendência se manteve em 2017 e neste ano. Os dados repassados pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo contabilizam três tipos de visto, que permitem aos descendentes o exercício de atividades remuneradas no país.

O país que os dekasseguis – nome que se dá aos imigrantes descendentes de japoneses que buscam trabalho no Japão – encontram hoje é bem diferente. O que se economiza com dois ou três anos de trabalho, ao contrário do que acontecia nos anos 90, não é mais suficiente para comprar uma casa confortável no Brasil – de um lado, porque os preços no Brasil aumentaram significativamente e, de outro, porque o câmbio não é mais tão favorável.

Mas não é só a questão do emprego que tem feito os nisseis e sanseis deixarem o Brasil rumo a terra de seus pais ou avôs.

“Muita gente que está indo agora já foi dekassegui. Tem gente que voltou (para o Brasil) e tentou montar um negócio, mas não deu certo. Tem gente que está assustada com a insegurança, com os assaltos”, diz Kleber Ariyoshi, sócio-diretor da Itiban, agência de empregos com escritório nos dois países.

Agências como a dele fazem a intermediação entre as empresas japonesas interessadas em contratar e os brasileiros, lidam com o visto e ajudam os migrantes a encontrar moradia.

Ariyoshi conta que a procura vem aumentando de forma significativa desde 2016 e que hoje a Itiban envia entre 150 e 200 brasileiros por mês para o Japão – o triplo da média mensal em 2015.

A grande maioria das vagas está na indústria, nos segmentos de autopeças, eletrônico e no alimentício, principalmente.

Com a proximidade das Olimpíadas de Tóquio, em 2020, e diante do problema estrutural de falta de mão-de-obra no Japão, as empresas do país têm vindo cada vez mais ao Brasil para recrutar. “Atendemos três ou quatro delas por semana aqui”, ele afirma.