Com Agências de Notícias
As manifestações populares que tiveram início no último dia 13 de junho, em Maceió, vêm causando um grande prejuízo financeiro a comerciantes do Centro e de outros bairros da cidade. Entidades do setor estimam que o prejuízo seja tão grande que não pode ser calculado em uma conta simples, por causa da diversidade de fatores.
[singlepic id=13362 w=640 h=480 float=center]Gerente de uma farmácia de manipulação localizada na Praça do Centenário, ponto de concentração dos protestos na cidade, Karine Gomes conta que a perda na arrecadação nos dias de manifestação tem ultrapassado 50%, o que faz com que, em comparação com o mesmo período do ano, o mês de junho tenha tido um desempenho muito inferior.
“O prejuízo tem sido muito grande, não só com a diminuição de clientes no dia de atendimento, mas também com os gastos de locomoção dos funcionários, por que tínhamos que manter a farmácia aberta”, relata a gerente ao contar que embora não tenham fechado em todos os dias de protestos tiveram que liberar os funcionários que moram em bairros mais distantes da cidade.
O presidente da Aliança Comercial de Maceió, Olinto Osório, reconheceu que a os protestos atrapalham o comércio de muitas maneiras, sendo “diretamente atingido” com as manifestações que têm tomado as ruas cada vez em número maior. “Quando se anuncia que vai ter um protesto, o povo já não sai de casa”, observa.
Osório acrescenta que não há como contabilizar em números o prejuízo dos comerciantes por causa de muitos fatores que ocorreram ao mesmo tempo em que os protestos, como os jogos da Copa das Confederações e chuva. “Mas não há dúvida, deixou-se de vender”. Durante as manifestações, muitos comerciantes do Centro e da Praça Centenário fecharam as portas e liberaram seus funcionários mais cedo.
A empresária Isabela Pagels, proprietária de um estabelecimento na Rua Cincinato Pinto, no Centro, rota da maioria dos protestos, estima que deixou de arrecadar 30% do normal por causa das manifestações e dos rumores de protestos, mesmo fechando a loja no mesmo horário em que os manifestantes chegaram ao Centro.
“Sabemos que é uma manifestação pacífica, mas tem sempre aqueles que aproveitam a oportunidade para fazer baderna. No meio tem alguns que estão mal intencionados”, relata Isabela, que não fechou a loja em alguns dos protestos.
Protestos aumentam problemas de mobilidade urbana
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Maceió (CDL) vê que o maior impacto causado pelos problemas é a dificuldade de mobilidade. O diretor de planejamento da entidade, Luiz Antônio Jardim, avalia que os protestos não são mais uma questão dos lojistas, mas de logística da população.
“Todo esse problema de mobilidade traz um impacto para toda atividade comercial”, pontua Jardim. “A preocupação dos empresários lojistas com a continuidade dessa situação é comungada como todo cidadão maceioense, que não se sente livre em seu direito de ir e vir”.
Tanto a Aliança Comercial quando a CDL reconhecem que é um direito do povo se manifestar de maneira pacífica e contra aquilo que prejudica a população. Mas as entidades defendem que os atos populares sejam realizados de maneira ordeira, uma vez que a situação, como avaliam, parece estar saindo do controle dos gestores públicos.
“Nós já tentamos contato com organizadores dos protestos, porém, tem sido difícil conversar. É fundamental que se tenha um ordenamento maior e melhor para as manifestações, para que os impactos no comércio possam diminuir”, defende o presidente da Aliança Comercial. Ele garante que, a priori, os lojistas não têm medo que as manifestações terminem em saques, permanecendo crentes na movimentação pacífica.
Segundo a CDL, alguns comerciantes têm solicitado à entidade que providências sejam tomadas junto ao poder público para evitar, ou mesmo reduzir, o prejuízo causado pelos protestos na cidade, mas o movimento ainda não é sistemático.
Jardim argumenta que existe uma fragilidade neste campo, que fica evidenciada com facilidade das manifestações – que classificou como “sem foco” – de interditar vias. “Os prejuízos vão acontecer porque é preciso entender que a mobilidade urbana é uma das primeiras necessidades do cidadão”.