Contra ataque. Novo líder da polícia alagoana é punido por falar verdades em nome da tropa
Conteúdo publicado por Divulgação em: 19/10/2013 às 10:39h.
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Urgencia190

A existência de alto nível de ingerência política nas ações da Polícia Militar (PM), fato este que tem comprometido a punição efetiva de policiais indisciplinares, denunciadas pelo chefe do Estado-Maior da Polícia Militar de Alagoas, coronel Ivon Berto, lhe renderam a instauração de um processo administrativo por parte do Conselho Estadual de Segurança (Conseg).

O oficial, eleito o novo líder da categoria policial de Alagoas, tornou público os desmandos na corporação durante entrevista a Gazeta de Alagoas, em sua edição de 6 de outubro, onde cita o nome do secretário de Defesa Social, Dário Cesar, como possível mentor das irregularidades.

Ao ser comunicado da abertura do processo administrativo, quando terá que provar o que falou, Ivon Berto, que também é presidente do conselho deliberativo da Associação dos Oficiais Militares da PM e Corpo de Bombeiros (Assomal) e presidente da Associação dos Servidores da Segurança Pública, respondeu que apesar da PM não se manifestar sobre o fato, analisa como positiva a interferência do Conseg, pois essa é uma oportunidade única para que às autoridades sejam informadas das denúncias e reclamações que tem recebido de sete mil homens que gostariam de falar o que ele expôs.

Mas o anúncio da instauração de um processo administrativo contra o oficial mais velho e na ativa da corporação é criticado por representantes de associações militares e políticos que acusam o Conseg de um colegiado enfraquecido.

Um dos primeiros fatos levantado é em relação à recomendação feita pelo Conselho para a mudança do comando do 5º Batalhão da Polícia Militar (5º BPM), em Maceió, que tem como oficial o major José Cláudio do Nascimento. O comandante teria sido uma escolha pessoal do vereador Silvânio Barbosa (PSB), suspeito de ter exigido do secretário Dário Cesar a exoneração do ex-comandante do batalhão que não aceitava ingerência política no trabalho policial no maior complexo residencial da Capital. Por sua vez Silvânio nega a denúncia.

O Conselho também não se manifestou publicamente em relação à situação administrativa do soldado José Siderlane Araújo de Mendonça, lotado no 5º BPM e que conseguiu afastamento de suas funções de agente público, através de um atestado médico que o coloca inapto para a função, alegando ter contraído síndrome do pânico. Atualmente Siderlane é assessor de Silvânio na Câmara de Vereadores de Maceió e já não esconde sua aptidão pela política, devendo se lançar a vereador no próximo pleito.

A situação funcional do soldado é objeto de um Processo Disciplinar Ordinário (PDO) determinado após o ex-comandante do 5º BPM, coronel Maciel Pantaleão Silva, motivo principal da irá do vereador Silvânio que teria exigido sua “queda” do comando do batalhão.

Ao ser ouvido pelo Conseg o coronel Ivon citou o caso envolvendo o vereador e o ex-comandante do 5º BPM taxado de “um bosta” pelo político insatisfeito com a postura – antipolítica – do oficial.

“Ele (Silvânio) levou junto ao secretário de Defesa Social para modificar o comandante do 5º Batalhão, porque ele se recusou a ser um fantoche político e já havia denunciado o soldado José Siderlane Araújo de Mendonça por tirar licença médica e ir trabalhar no gabinete do vereador. Creio que o substituto do comandante Pantaleão não tem nada a ver com isso. Mas o major Jota Cláudio foi levado como troféu pelo vereador para ser apresentado no terminal de ônibus do Benedito Bentes, com direito a discurso e tudo, mês passado. Isso é fato e é lamentável”, disse o chefe do Estado Maior da Polícia Militar que enfatizou que a situação como foi tratada indignou o Alto-Comando da PM devido à articulação feita pelo secretário Dário Cesar com o propósito de favorecer Silvânio que integra a base do governo.

 

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