Edição do programa visitou diversas unidades espalhadas pelo país; faltam equipamentos, estrutura e remédios
Divulgação: GazetaWeb
A edição do programa Fantástico, deste domingo (1), mostrou para todo o Brasil a falta de estrutura de dois postos de saúde de Maceió. O Pam Salgadinho, localizado no bairro do Poço, foi apontado como o “Posto Faz de Conta”.
De acordo com as investigações do programa, o diretor administrativo do Pam Salgadinho é acusado de fraudar informações no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Nesse cadastro, enviado ao Ministério Público da Saúde, é preciso constar o número de funcionários, a estrutura e tudo mais que tem no posto.
O cadastro apresentado pela direção, o Pam Salgadinho conta com 136 médicos, quando no entanto só tem 63. De acordo com o diretor administrativo, Cesar Oliveira, o documento disponível no site do CNES não está atualizado. “A gente não deu baixa. Em alguns médicos não foi dado baixa“, disse.
Outro posto foi o São José, no bairro do Canaã, localizado na parte alta da capital. O posto está fechado para reformas desde maio de 2014. O “Posto dos Milagres”, agora, funciona em um espaço doado por uma igreja do bairro. Os médicos, dentistas e enfermeiros fazem seus atendimentos nas salas do templo.
A Prefeitura de Maceió afirmou, em nota, que irá resolver o problema nos cadastros do posto Pam Salgadinho e que as obras do posto do Canaã serão concluídas em 40 dias.
Confira a reportagem
O Fantástico visitou diversos postos de saúde do país. A primeira parada foi no estado do Rio de Janeiro. O segundo estado visitado foi o Pará. O posto cachoeira.
O martírio de quem usa os postos de saúde no Brasil, muitas vezes começa antes mesmo da porta de entrada. Doze degraus separam a calçada da porta do posto onde pacientes com dificuldade de locomoção buscam ajuda.
“É difícil mas quem não tem tu, o que é que faz? Vai tu mesmo”, lamenta uma senhora.
O Fantástico entrou em diversos postos de saúde pelo país para mostrar a situação precária, caótica e escandalosa sofrida por milhões de brasileiros que dependem do atendimento do SUS – o Sistema Único de Saúde.
Nossa primeira parada é no estado do Rio de Janeiro. No município de São Gonçalo, existe um posto que não tem nem placa na porta.
“Parece uma casa abandonada. Ninguém diz que isso aqui é um posto de saúde”, diz uma mulher.
Na verdade, essa é só a primeira coisa que o posto não tem. Então, seja bem-vindo ao:
Posto ‘não tem’. Paciente? Tem sim, doutor. Mas o resto.
Homem: Odontologia aqui não tem, não.
Fantástico: Há quanto tempo não tem raio-X?
Homem: Aqui tem mais de 2 anos.
Senhora: Os funcionários não têm água.
Fantástico: A senhora trouxe a água?
Senhora: Eu trouxe.
Mulher: Não tem água, não tem banheiro, falta mais médico.
Funcionária: Não temos enfermeira no posto. Não temos sala de medicação.
Fantástico: Você não consegue fazer um curativo aqui?
Funcionária: Não tem condição.
Fantástico: Tem uma seringa aqui?
Funcionária: Não tem nada. Não temos nada.
E para quem trabalha ali.
“Aqui tem caracterização de um pós-guerra. Parece que jogaram uma bomba e as pessoas retiraram e nós entramos para trabalhar”, revela uma médica.
Mas não é apenas no posto “não tem” que falta tudo isso. O Fantástico teve acesso com exclusividade a um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina sobre a situação dos postos de saúde em todo o Brasil. E o diagnóstico não é nada bom.
Ao todo, 52% dos postos não tem negatoscópio, aquelas máquinas luminosas que o médico usa para ver o raio x. E 29% não tem estetoscópio. Em outros 32%, o que falta é aparelho para medir a pressão. E de cada quatro postos pesquisados um não tem esterilização de materiais.
“O posto de saúde é um local de mais fácil acesso à comunidade, onde essa comunidade e os seus cidadãos podem ser atendidos em diagnósticos mais simples, em tratamentos mais simples e, se nós tivéssemos um sistema de atenção primária, ou seja de postos de saúde, onde a prevenção fosse eficaz, nós teríamos 80% dos casos da saúde resolvidos nesse sistema, evitando naturalmente a superlotação dos hospitais do SUS”, afirma o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital.