Com: Aarão José – Ascom POAL
Espalhados sobre a mesa, o número chama atenção, ao todo são 300 recibos suspostamente utilizados em um único caso de crime na área de Documentoscopia. Esse é apenas um exemplo relacionado à falsificação de assinaturas, cartas, datas, valores, em vários tipos de documentos, particular e público, oriundos de investigações e apreensões volumosas que chegam diariamente ao Instituto de Criminalística de Alagoas.
No IC a responsabilidade de analisar toda essa papelada é das cinco peritas criminais da equipe do Núcleo de Documentoscopia. Usando um paquímetro para medir as dimensões lineares, lupa para ampliar as letras e microscópios estereoscópicos para detalhes, as peritas da ‘Doc’ Milena Testa, Rosana Frota, Andrya Amorim, Márcia Yanara e Lidia Tarchetti Diniz, analisam um a um os recibos, utilizando técnicas específicas da perícia grafotécnica.
Segundo a Coordenadora Milena Testa, a perícia grafotécnica faz parte da lista de exames periciais mais solicitados à equipe, como prova técnica para detectar a veracidade de um ou mais documentos. Ela explicou que a técnica é complexa, com análises individualizadas, até chegar ao confronto do manuscrito questionado na investigação com padrões de escrita colhidos do suspeito, ou coletados de outro documento seguramente autêntico.
“A perícia grafotécnica é exame complexo, onde analisamos vários tipos de documentos na busca de evidências de alterações, como supressão, substituição ou emenda por diversos modus operandi, na identificação de escritas apagadas, no reconhecimento de falsificações, sejam livres ou por imitação, ou por disfarces“, explicou Milena.
Um fator que tem contribuído para a melhoria na qualidade desse tipo de exame é o trabalho em conjunto realizado na equipe, que utiliza procedimentos e metodologia recomendados pela melhor técnica, discutem os vestígios até o nível de evidências a serem expostas e ilustradadas no laudo pertinente, cuja conclusão embasará a Justiça. Daí a importância do Grupo de Estudos em Documentoscopia, mantido pela equipe, onde, além de revisarem a doutrina, são, como no exemplo citado, estudados casos reais, aprimorando conhecimento e interpretação necessários à área complexa da Grafoscopia.
ESPECIALIZAÇÃO INTERNACIONAL
Para aprimorar ainda mais a técnica, as peritas Lídia Tarchetti Diniz e Milena Testa participarão em Brasília, nos dias 16 e 17 de julho, do II Simpósio Brasileiro em Ciências Forenses. O treinamento será ministrado pelo Ph.D. Linton A. Mohammed, da Forensic Science Consultants, da cidade de Burlingame, estado da Califórnia, nos Estados Unidos, considerado o maior especialista da área no momento.
A perita Lídia teve conhecimento do workshop quando esteve participando de um treinamento no mês de maio, sobre o novo microscópio estereoscópico, adquirido peo Distrito Federal, além de visita técnica para conhecimento da estrutura de laboratório e da rotina do setor de documentoscopia local, adquirindo material de estudo muito úteis ao grupo de estudo da Doc/AL.
Durante os dois dias, as peritas terão aulas de Neurociência da Escrita, Cinemática da Escrita, Assinaturas Autênticas, Disfarçadas e Forjadas, Assinaturas Simuladas com Habilidade e também sobre os desenvolvimentos do Exame de Documentos nos EUA. No retorno a Maceió, Milena e Lídia serão multiplicadores para as demais peritas da Doc do conhecimento adquiro no curso.