“Situação no Egito é caótica”, afirma correspondente da Folha no país
Conteúdo publicado por Divulgação em: 23/11/2011 às 23:43h.
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O clima na praça Tahir, no centro do Cairo, está tenso e há muita movimentação de ambulâncias levando os feridos dos confrontos, informa o correspondente da Folha, Marcelo Ninio no após sua chegada ao local.

“Tem muita gente na praça e muita correria, pois a toda hora tem boatos que o exército vai entrar na praça”, relata.

[singlepic id=926 w=320 h=240 mode=watermark float=left]Nem mesmo a promessa de antecipar a eleição presidencial para o primeiro semestre de 2012 e de realizar um referendo sobre a transferência imediata do poder provisório para os civis não foi suficiente para acalmar as centenas de milhares de manifestantes que ocupam o local, no centro do Cairo, há quatro dias.

Milhares de pessoas permanecem no local para exigir a saída dos militares do governo, apesar da promessa do marechal Hussein Tantaui de entregar o poder a um presidente eleito em 2012.

“O exército é considerado um traidor da revolução”, relata Ninio.

A junta militar assumiu o poder no Egito em 11 de fevereiro, substituindo o presidente Hosni Mubarak, deposto após uma rebelião popular que teve como epicentro a praça Tahrir, no Cairo.

Sob intensa pressão de protestos nas ruas, o chefe da junta militar egípcia prometeu na noite de terça-feira transferir até julho o poder a um presidente civil, e fez uma oferta condicional para um fim imediato do regime militar.

IMPASSE

Nas últimas semanas, manifestantes, em sua maioria islamitas e jovens ativistas, vêm protestando contra um projeto de Constituição que, segundo eles, permitiria que os militares mantivessem muito poder. Segundo o projeto, os militares e seu orçamento não ficariam sujeitos a uma supervisão civil.

Na sexta-feira, mais de 50 mil egípcios compareceram à praça Tahrir para pressionar a junta militar a apressar a transferência do poder para um governo civil, depois de o gabinete interino apresentar uma proposta constitucional que reafirma o poder das Forças Armadas.

Os islamitas egípcios, que convocaram a manifestação, querem protestar contra o projeto proposto pelas autoridades, estimando que a prerrogativa corresponde ao futuro Parlamento que deve ser constituído a partir de eleições que começam em 28 de novembro.

A crise tem derrubado os mercados egípcios. O índice de referência da bolsa local caiu 11 por cento desde quinta-feira, chegando ao seu menor nível desde março de 2009. A libra egípcia registrou sua menor cotação frente ao dólar desde janeiro de 2005.

Fonte: www.folha.com.br