Por Ricardo Mota:
As relações promíscuas entre os que compõem os três poderes e suas extensões na iniciativa privada são um grande mal a se combater. A rede nunca se fecha porque sempre há um novo integrante na sua estrutura – ilimitada, ao que parece.
Não há corrupção de mão única. É e sempre será assim: uma mão suja a outra.
A ação – ou inação – das instituições cujo papel é fiscalizar, investigar, denunciar e punir tem sido direcionada, nitidamente, para favorecer o crime e os criminosos.
Há um entendimento, lamentável, de setores progressistas da sociedade, de que há uma exacerbada preocupação da imprensa com “questiúnculas” de conteúdo moral: algo como um moralismo pequeno-burguês que em nada ajuda o país a avançar naquilo que é fundamental.
Discordo. A corrupção é um problema político, mesmo que envolva setores que não integram o poder público – até por que sem eles, o mal seria muito menor.
Há uma progressiva perda de legitimidade do Estado, aqui e no resto do mundo. Localmente, entretanto, isso é decorrente – e muito – da sensação de injustiça e do avanço da prática criminosa, incentivada pela impunidade.
Quando esta última acontece, as partes envolvidas acumulam algum poder – econômico ou político (os dois, até).
Os que se mantêm de mãos limpas, vendo e enxergando aqueles que se sujam em ações de mão dupla, por certo não poderão se colocar ao lado dos inocentes.
Os últimos acontecimentos em Alagoas são bastante didáticos: os que aqui cometem toda sorte de iniquidades – e permanecem soltos para replicá-las – encontraram apoio onde deveriam ter se deparado com a repulsa e, acima de tudo, com a Justiça.
Fonte: Tudo na Hora